Resenhas

Manual Acessível do Feminismo

Desmistificação acerca da luta feminista apoiada na pensadora Bell Hooks

30-01-2021Por Lívia Cruz Pedro Aluna de Letras Inglêsliviacruzpedro@hotmail.com Orientadora: Aline Scarmen Ushida

Gloria Jean Watkins, intelectual, ativista, escritora afro-americana, crítica cultural, teórica feminista e artista, nasceu em Kentucky, Estados Unidos em 25 de setembro de 1952, conhecida como bell hooks, assim grafado com letras minúsculas, uma vez que, segundo a autora, ela visa notabilidade ao conteúdo em que se dedica e não nela mesma, o pseudônimo foi inspirado no nome de sua bisavó materna, Bell Blair Hooks, maneira de homenageá-la, além de marcar a ancestralidade.

O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras (2020) foi pensado como uma maneira de as eruditas teorias feministas, que circulavam pela academia, chegarem até o grande público, tornando-as mais acessíveis e, popularizando o feminismo. O livro, um manual simplificado, aborda o sistema de opressão interseccional: raça, classe e gênero, e que ao combater o patriarcado, as mulheres não seriam as únicas a serem beneficiadas e sim todo o corpo social.

“Feministas são formadas, não nascem feministas” (hooks, 2020, p. 25). Assim, se inicia o segundo capítulo do livro, mostrando que o movimento é formado por aqueles que partilham das ideias feministas e visam a conscientização feminista para confrontar o sexismo, já incorporado em todos. Importante pontuar que bell hooks reconhece a realidade do racismo, uma vez que a opressão sofrida por mulheres brancas não podem se encaixar no todo, pois mesmo oprimidas pelo patriarcado, ainda usufruem do privilégio da branquitude, ou seja, a mulher negra lida, também, com a opressão racial.

A autora discorre acerca da maternidade e paternidade feministas, a existência do sexismo dentro das famílias, e a transferência de poder nos costumes patriarcais. Sendo assim, as crianças sofrem abusos e são dominadas pelos seus responsáveis, alimentando, desse modo, o ciclo do patriarcalismo. O movimento é crítico em relação ao autoritarismo, tanto dos homens, quanto das mulheres, visto que busca trazer maior equidade entre os gêneros e não transmitir essa série de dominância.

Vale ressaltar que hooks afirma a importância de a educação feminista ser pensada pelo movimento, através de livros para as crianças, uma vez que a literatura infantil seria o espaço de difusão do conhecimento. Outra forma de inserir a educação feminista, de acordo com a autora, pode ser realizada por meio da televisão, música, rádio, levando em consideração aqueles que não possuem habilidades para a leitura, tornando, assim, tais informações acessíveis.

A obra é concisa e passa por pontos importantes do feminismo, relacionando-o com episódios do cotidiano e deixando claro que o movimento não é anti-homem, e sim em prol ao fim do sexismo, suas opressões e explorações, especialmente em relação ao racismo e ao elitismo. Ademais, são desenvolvidos temas como a lesbianidade, sororidade, indústria da beleza, direitos reprodutivos e religião. Uma leitura acessível para os/as ligados/as ao tema, ou para aqueles/as que buscam saber as finalidades dessa luta, a fim de quebrar os mitos que o movimento carrega.


Referência: HOOKS, bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Trad. Bhuvi Libanio. – 10ª ed.- Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.

Imagem da capa: Freepik