Produção Literária

Daya

Um conto do outro mundo

22-01-2021Gabrielly Macedogabriellycandida@gmail.com Orientadora: Érica Fernandes Alves

A protagonista dessa história não é nada comum – ou talvez somente os outros que pensem assim. Em Júpiter, o maior planeta do sistema solar em que a Terra está incluída, Daya era a única híbrida humana. Ao contrário dos habitantes locais, ela não era fisicamente parecida, seus olhos eram levemente amendoados, sua pele marrom com um brilho solar e seus cabelos vermelhos cacheados chamavam a atenção por onde passava. Os habitantes de Júpiter são pálidos e gasosos, parecem que vão evaporar a qualquer momento, já Daya não, ela carregava todo o brilho que a população não possuía obtém.

Sua mãe era a rainha do lado norte do planeta, os outros reinos – sul, leste e oeste – sempre entravam em conflito com a parte nórdica, pois não queriam a presença de uma híbrida em seu planeta. Por isso, Daya não podia sair do seu reino do norte, correndo um grande risco de ser morta ou deportada para outro planeta. Talvez nesse momento você deve estar se perguntando o porquê da nossa pequena linda princesa – que não é tão pequena assim, pois possuía 1,68 com apenas 13 anos de idade – estava morando neste local ou mesmo porque ela não era igual aos jupterianos.

A verdade é que sua mãe quando jovem fez uma missão na Terra para investigar o que os terríveis e antipáticos humanos planejavam. Nessa época, os dois planetas entraram em conflito, o que quase implicou no fim da galáxia. Os quatro reinos de Júpiter tiveram que se unir contra a sua vontade para um bem maior: a salvação do planeta, pois os terráqueos queriam colonizar o local. Durante a guerra, que durou 2 anos, a rainha nórdica, Patrícia, faleceu e quem ocupou seu lugar foi Maya. Maya se apaixonou por um terráqueo e assim nasceu Daya? Não!

A rainha e sua esposa Meridith adotaram Daya, não sabendo de sua origem, encontraram a criança em um dos corredores do castelo durante um ataque terráqueo. Descobriram seu hibridismo apenas quando a criança tinha 4 anos, pois nessa idade os jupterianos adquirem orelhas puxadas e características físicas comuns de um habitante local, porém Daya não teve nenhuma mudança. Seus olhos continuaram amendoados e escuros, seu sorriso belo e transparente como sempre, tendo a aparência física muito similar com a dos seres humanos, tirando o cabelo cor de fogo tão forte que nunca fora visto naturalmente em nenhuma pessoa.

Criada por duas mães e destinada ao trono, aos seus 10 anos, Daya iniciou seu treinamento intensificado para se tornar uma rainha, incluindo estudos históricos, biológicos, médicos, terapêuticos e até mesmo físicos. Ter relações com um ser humano terráqueo fora proibido há mais de 100 anos, desde que as guerras entre os planetas foram travadas. Por isso, ser híbrido era considerado uma blasfêmia contra a sociedade em geral, levando a prisão dos pais ou mesmo a expulsão para o planeta Terra. Assim, a rainha Maya enfrentou muitas dificuldades para que não despachassem sua filha para o mundo horrível. Lutando contra tudo e todos, conseguiu encontrar uma brecha na lei: não existia uma única palavra sobre o que fazer quando a criança é abandonada e só é descoberta como híbrida alguns anos depois pela família adotiva.

Após essa explicação e seus adentres, aos 14 anos Daya herdou o trono de sua mãe. Enfrentando muitas armadilhas dos inimigos, pressões de todos os lados e chegando a ficar doente, a mais nova rainha tomou uma grande decisão. Ela foi para a Terra sem avisar ninguém. Lá quase foi morta pelos terráqueos, mas conseguiu lutar e se salvar. Chegando ao líder de um dos países mais fortes, conversou e negociou a reconciliação. Ao retornar para o seu planeta teve que confrontar seus próprios súditos e os outros reinos, quase causando uma guerra civil. Apesar de ter que enfrentar tudo sozinha, a então jovem rainha fez o grande anúncio: híbridos deveriam ser tratados tão bem quanto um jupteriano. Sendo conhecida assim como a Rainha da Reconciliação. Deixando seu legado marcado para sempre e mudando toda a história de não só um planeta como de dois, a rainha Daya jamais fora esquecida pelos habitantes de Júpiter.