Morfossintaxe

Você sabe realmente localizar o SUJEITO numa oração?

Às vezes escondido, às vezes aparente, o sujeito quase sempre está presente!

08-02-2021Por Lara Sturion Terassani, Lorena Jordão Magalhães e Mateus Eduardo Felix(Alunos de Letras Português-Inglês)Orientador: Helcius Batista Pereira

Muitas vezes o sujeito é ensinado de uma forma muito limitadora, que acaba excluindo aspectos relevantes para sua localização numa frase. Sabemos que o sujeito é um termo essencial, mas o que fazer com as orações que não conseguimos identificá-los? Na gramática brasileira há alguns tipos de sujeitos distintos. Aqueles que aparecem explicitamente na oração, são chamados de determinados. Quando o sujeito não é visível, estão escondidos, são chamados de indeterminados. Além disso, Rocha Lima (1972) nos diz ainda que quando o sujeito possui apenas um núcleo, é chamado de SUJEITO SIMPLES. Quando possui dois ou mais de um núcleo, o chamamos de SUJEITO COMPOSTO. Há ainda, orações SEM SUJEITO. Geralmente, a gramática normativa classifica o sujeito em três níveis: discursivo, quando o sujeito é aquele sobre o qual se faz uma declaração, ou seja, o predicado diz algo sobre o sujeito. Nível semântico, o sujeito seria aquele que pratica a ação. E nível gramatical, quando o sujeito é o termo que concorda com o verbo. Existe uma grande problemática a partir dessas definições.

Já na primeira definição podemos destacar uma inconsistência. Se considerarmos o sujeito como aquele que é feito uma declaração, como explicaremos a sentença “Quem sorriu para mim?”. Outro modelo claro que poderia desconstruir essa teoria seria a sentença “A felicidade não veio”, o termo “felicidade” não é um ser, ou seja, não é um “alguém” - não pode ser o sujeito.

Na segunda definição, se considerarmos o sujeito como aquele que pratica a ação, qual é o sujeito da oração “O João morreu”?. Neste caso, o verbo propõe uma dimensão de experiência a ser passada, portanto, o sujeito não desempenha o papel de agente, e sim de experienciador. Se olharmos para as frases na voz passiva, outro exemplo seria “A pizza foi feita pela Joana”, na verdade quem está praticando a ação é Joana, excluindo a possibilidade de ser “a pizza” - novamente, não pode ser o sujeito.

A última definição, a qual define que o sujeito concorda com o verbo, também é questionável. Na sentença “Comeu tudo?”, o sujeito está oculto. Se fosse, por exemplo “Vocês’ comeu tudo?” * não haveria concordância entre sujeito e verbo. Cabe aqui dizer que essa é uma forma utilizada na oralidade de muitos falantes do português brasileiro.

Okay, em meio a tantas problemáticas, como identificar realmente um sujeito?

Perini (2008), por sua vez, preocupado em reformular o ensino gramatical, visando a uma reorientação radical dos estudos de língua portuguesa, nos mostra através de sua hipótese, uma maneira simples e eficaz de identificar o sujeito na sentença. Basta apenas seguir uma única condição prévia e três regrinhas simples:

  • Condição prévia: Perini sugere que o sujeito é um sintagma nominal [SN] cuja pessoa número é compatível com o sufixo de número pessoa do verbo.

  • Regra 1: Se houver só um SN com essa condição, esse é o sujeito.

  • Regra 2: Se houver mais de um SN, o sujeito é aquele que precede imediatamente o verbo.

  • Regra 3: Se o SN em questão for um cíclico (me, te, nos, se), ele não conta e o sujeito é o precedente.

Viu como não é tão difícil identificar o sujeito na sentença? Se seguirmos essas orientações à risca tudo ficará muito mais fácil e prático. Façam boas análises! :)

Referências:

PERINI, Mário A. Funções Sintáticas: sujeitos. Estudos de Gramática Descritiva: as valências verbais. São Paulo: Parábola, 2008. Cap. 4, 135 – 133

ROCHA LIMA, C. H. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972, cap.17, pp. 203 – 230