Morfossintaxe

Você sabe o que é predicação?

Saiba tudo sobre um importante processo que te ajuda a perceber como uma oração é formada.

22-10-2020Por: Bárbara Luísa Teixeira Diniz da Fonseca Fulton ; Carolina Steinke Xavier e Eriqui Augusto Parpineli (alunos do 3º ano de Português-Francês/UEM)Orientador: Hélcius Batista Pereira

Para entender como funciona a predicação, primeiramente é necessário ter em mente que se trata de um processo semântico-sintático. Mas o que isso quer dizer? O adjetivo “sintático” se refere à parte da gramática que se dedica da disposição das palavras em uma frase - qual a ordem que cada palavra vai ocupar dentro de uma frase - e, também, da relação lógica entre as frases. Já o adjetivo “semântico” se refere ao significado dessas palavras. Sendo assim, entendemos que o processo de predicação é sobre a relação semântica que se estabelece entre os termos dentro de uma frase.

Como assim? Na predicação, um termo da frase transfere traços do seu significado a outro. O termo que “transfere” o significado é chamado de predicador e o termo que “recebe” esse significado é chamado de escopo. Pode parecer bastante abstrato, mas veja o exemplo a seguir:

A Joana comprou uma casa rosa

Nessa frase, o verbo “comprar” pede dois argumentos. Mas o que é argumento? Os argumentos do verbo são as informações necessárias para que o sentido da frase fique completo, nesse caso, “comprar” exige alguém que compre e que compre alguma coisa. Imagine que alguém inicie uma conversa com você dizendo “Eu comprei”, automaticamente você perguntará “o quê?”, pois a frase parece incompleta, ninguém forma frases assim naturalmente. Muito bem, tendo em mente os dois complementos do verbo “comprar”, vamos seguir em frente. O verbo vai ser nosso primeiro predicador e ele vai transferir seu significado para “A Joana”, que por sua vez vai ter o papel temático de quem faz a ação de comprar algo. O verbo comprar também vai transferir significado para “uma casa rosa” e este vai ter papel temático de algo que foi comprado, sofrendo uma ação.

Além do verbo comprar, temos também outros predicadores, como por exemplo o artigo “a”, que vai transferir seu significado para “Joana”, especificando-a, ou seja, a frase fala de uma Joana específica, e não de qualquer Joana. Outro termo que também é predicador é o artigo “uma” que transfere seu significado para “casa rosa”, quantificando-a, isto é, Joana comprou somente uma casa e não duas ou três. O termo “rosa” também é um predicador e, por sua vez, transfere seu significado para “casa”, qualificando-a, ou seja, atribuindo uma característica. A casa que a Joana comprou é da cor rosa e não azul ou vermelha.

Como já citado acima, o termo que se usa para denominar os significados da transferência semântica do predicador ao seu escopo é chamado de papel temático. Vários teóricos tentam listar de maneira diversa os papéis temáticos, mas neste texto, vamos apresentar aqueles que julgamos necessários para resumir o conceito, que são: agente e paciente. Mas o que são os papéis temáticos então? Primeiramente, para entendermos de maneira clara o que são e como atuam esses papéis, temos que olhar para o verbo e tentar identificar o que ele propõe dentro da sentença. Usando como exemplo a oração já familiarizada “A Joana comprou uma casa rosa”, percebemos que o verbo escolhido é “comprar”, logo para que esse verbo dê sentido aos termos dentro da oração, ele precisa de alguma forma fazer um “par” com um sujeito que faz a ação e algo que se compra, portanto, o predicador “comprou” atua sobre o escopo “A Joana” atribuindo papel temático de agente (aquele que faz a ação de comprar), e também atua sobre o escopo “uma casa rosa” atribuindo papel temático de paciente (aquele que recebe a ação de ser comprado).

Poderíamos fazer um esquema de predicação assim, onde as setas mostram o caminho do predicador até seu escopo: