Morfossintaxe

Nem tudo é o que parece ser

Gramática e a produção de sentidos das sentenças

06-10-2020Por: Gabriel Silva Mendes, João Pedro Oliveira Delabio e Julia Pedriali Rosa (alunos de Português-Inglês)Orientador: Hélcius Batista Pereira

Você está dormindo em um sono profundo, sonhando com o fim da quarentena, até que de repente, você escuta um grito. É ninguém menos que sua mãe que chutou a porta do seu quarto e gritou com você as seguintes palavras: “VOCÊ NÃO VAI LEVANTAR DESSA CAMA PARA ME AJUDAR A LAVAR A LOUÇA, NÃO?”. Não se engane, pois essa não é uma simples pergunta ou uma interrogativa. Você sabe o que ela realmente quis dizer com esta frase? Ela está te mandando levantar e ir lavar a louça, e mesmo sendo oração interrogativa, ela não espera uma simples resposta de sim ou não.

A fala de sua mãe pode até parecer uma pergunta, mas na verdade possui um outro sentido. Esse sentido vai além da estrutura da frase e precisa do contexto para formar seu significado completo, que seria de uma ordem, podendo ser expressa também com uma oração imperativa: “LEVANTA E VAI LAVAR A LOUÇA!”, ou uma declarativa: “Você não lavou a louça”. Apesar da mudança de estrutura, as frases ainda têm o mesmo intuito: ordenar que você lave a louça. A essa intenção se dá o nome “Força Ilocucionária”.

Os poderes da "Força Ilocucionária" podem ser observados em todas as situações. Como na sua aula online quando o professor indignado em não ver os alunos diz: “Se vocês ligassem a câmera, a aula seria melhor” expressando o seu pedido por meio de uma oração optativa, mas que também poderia ser demonstrado em “A aula fica melhor quando consigo ver vocês!”, uma oração exclamativa com a mesma finalidade.

Você deve ter percebido que as estruturas mudam, mas os objetivos continuam os mesmos. O professor pediu que os alunos ligassem suas câmeras, ainda que isso não tenha sido falado propriamente; assim como a sua mãe mandou você lavar a louça com uma oração interrogativa no primeiro exemplo. Esse é o papel da Força Ilocucionária.