Contexto de Produção
Esta crônica argumentativa faz parte de um conjunto de obras produzidas por graduandos de Letras - Inglês durante a disciplina de Oficina de Leitura e Produção Textual em Língua Portuguesa, ministrada pela Profa Dra Neiva Maria Jung. A proposta foi formulada segundo a perspectiva dialógica, baseando-se, principalmente, na teoria de Paulo Coimbra Guedes (2004) que formula que um bom texto precisa atender as seguintes qualidades discursivas: unidade temática, objetividade, concretude e questionamento. Ao considerar a importância de se trazer singularidade ou especificidade ao tema abordado, com o intuito de lembrar do “perigo de uma história única” (Chimamanda, 2019), cada autor buscou abordar temas previamente trabalhados em sala de aula, de uma maneira original e individual, inserindo-se, de alguma forma, no texto. Entende-se, portanto, que “A especificidade, por isso mesmo, costuma ser uma pré-condição da originalidade, seja porque uma questão bem claramente determinada tem mais chances de ainda não ter sido tratada, [...]" (Guedes, 2004, p. 273).
Lugar de mulher é na garupa da minha moto!
A empresa chinesa 远动 (yuǎndòng), que recentemente começou suas atividades em território nacional, recebeu um imenso balde de água fria no dia 11 de março deste ano, após receber o relatório de que a mais nova invenção da empresa, uma moto silenciosa cujo som do escape só pode ser ouvido pelo piloto dentro do seu capacete, tinha sido um verdadeiro FRACASSO em vendas, o que deixou um prejuízo de aproximadamente 6 milhões de reais.
O repórter Raposo conseguiu acesso exclusivo a uma entrevista com o diretor e fundador da empresa, Hung Chung Lee, que afirmou estar chocado com os dados, já que um dos motivos que trouxe a multinacional para solo tupiniquim foi a paixão brasileira por motos. “Devido ao sucesso da BYD com seus carros elétricos pensamos que seria fácil vendermos motos elétricas”, afirma Lee. Intrigado com a história, nós da FoXy saímos às ruas para ouvir a população, a fim de entender o motivo do avassalador flop das silance bikes ou, como ficaram conhecidas, “as moto blutofi”.
O primeiro entrevistado foi Robson. Comecei perguntando:
— O senhor ficou sabendo das novas motos silenciosas daquela empresa chinesa?
— Não sabia que a Yamaha tava fazendo motos silenciosas… Eu nem comprei minha biz ainda.
— Senhor… A Yamaha é japonesa…
— Ah, então é a Honda, né? Não gosto muito da Honda, prefiro a Fiat.
Parti para o próximo entrevistado, Enzo José:
— Boa tarde, por acaso, você ficou sabendo das novas motos silenciosas da empresa yuǎndòng?
— Ah, mano, cheguei a olhar esse rolê sim, mas sei lá, memes pacas isso aí de moto sem som, qual a graça de meter um grau no baque do escape? Memes demais, mané.
— Entendo, então para você o barulho é essencial?
— Coé, óbvio que moto sem barulho é bike, tio. As mina P-I-R-A no som do motor, vapo!
— Ah sim, então você acha que o motivo do fracasso seja a falta do característico som das motos?
— PAPO, se eles botarem isso, pode ter certeza que vai ser mídia demais e vai vender igual água.
No fim dessa entrevista, me perguntei se seríamos nós tão fúteis ao ponto de ignorar uma questão ambiental, preferindo motos a combustão apenas por uma questão de “gosto”. Que nada, já é tarde da noite e deve ser doideira da minha cabeça esse tipo de pensamento, afinal o aquecimento global é coisa daquela pirralha da Greta Tumblr ou sei lá o nome daquele projeto de pessoa, menina inconveniente...