Morfossintaxe

Desvendando os conceitos de frase e de oração

Saiba o que é força ilocucionária e conheça os tipos de oração.

07-10-2020Por: Breno Gabriel dos Santos e Maria Eduarda Faria (alunos de Português-Francês)Orientador: Hélcius Batista Pereira

Você, leitor(a), sabia que diversos estudiosos não compartilham da mesma concepção sobre frase e oração? Mas eles possuem pontos em comum. Então, a partir desses pontos, tentaremos levantar uma possível definição, começando pela frase que é entendida como um enunciado da língua com unidade de sentido que, às vezes, é constituído por uma só palavra ou uma reunião delas, que são colocadas à disposição do discurso. Ou seja, a frase pode ser entendida como uma ou várias palavras que possuem sentido dentro de um discurso. Temos exemplos em enunciados como: “Que calor!”; “Relampeja”; “Rápido!”. Já no que diz respeito à oração, pode-se entende-la como uma frase com relação de predicação acionada por verbo, que agrupa, na maioria das vezes, duas unidades significativas entre as quais que se determina a relação de predicação (o sujeito e o predicado). Traduzindo o que foi dito, é possível entender a oração como uma frase que impõe um significado (acionado pelo verbo) aos termos da sentença. Por exemplo: em “Breno escreve artigos” o verbo atribui a “Breno” o sentido de ser que faz a ação de escrever e a “artigos” o sentido de ser o algo que sofre a ação de ser escrito.

Agora que você, leitor(a), sabe a definição dos conceitos, podemos apresenta-los, então, a força que as frases e as orações possuem: a força locucionária. Através da forçaas frases e as orações são capazes de realizar uma ação por meio da linguagem, tornando-se, assim, responsável por um fazer. Por exemplo, é a força ilocucionária que indicará se uma oração é um pedido, uma ordem, uma pergunta, uma declaração, uma recusa, uma reclamação etc.

Além da força ilocucionária, as orações, por sua vez, dividem-se em cinco tipos, a saber: imperativa, interrogativas, exclamativas, declarativas e optativas. As imperativas se caracterizam por serem orações que têm o verbo no imperativo e que, geralmente, aparecem sem sujeitos; veiculam, também, ordens e pedidos. Por exemplo “Saia já daí!”; “Vá por ali!”. Já no que diz respeito às exclamativas, elas não são marcadas por interrogativa, não apresentam entonação final ascendente, na escrita são marcadas por ponto de exclamação e na fala possuem forma específica de tom; expressam exclamação e surpresa, como por exemplo “Que dia lindo!”, “Que susto!”.

As orações optativas se caracterizam como orações raras, utilizadas apenas em casos especiais, sendo marcadas pela presença do exclamativo "que", podendo ser acompanhadas pelo ponto de exclamação, exemplo: "Que deus lhe acompanhe!". Já as que não são marcadas pelo ponto de exclamação podem apresentar inversão sujeito/verbo: "Queira Deus que os alunos estudem para o exame". Outro traço distintivo das orações optativas é o fato delas trazerem o verbo no subjuntivo na oração principal com o sentido de desejo. Por exemplo: "Deus te ajude".

Nas orações interrogativas, notam-se três subtipos principais: as abertas, as fechadas (estas orações geralmente funcionam como formas de veicular perguntas e solicitar informações) e as interrogativas-eco. As interrogativas abertas apresentam um elemento interrogativo (que, quê, quem, quando, como, por que, onde, qual) podendo ser visualizado no início da oração; são seguidas de um ponto de interrogação com a entoação descendente, similar à algumas orações declarativas, por exemplo: "Quem o professor vai escolher para iniciar as apresentações?", "Você vai levar o quê?”. Já as interrogativas fechadas são caracterizadas, na maior parte das vezes, pelo ponto de interrogação e apresentam a entoação final ascendente como em: "Ele vai para o trabalho hoje?". E o terceiro subtipo, as interrogativas-eco, sugerem que o falante já recebeu a informação, mas não a compreendeu perfeitamente e, nestes casos, o elemento interrogativo não inicia a oração, a não ser que se trate do sujeito.

Por fim, as orações declarativas são caracterizadas por apresentarem estruturas variadas a fim de expressar declarações e emitir outros tipos de força ilocucionária, dependendo do contexto linguístico, exemplo: "Você poderia me auxiliar.", onde expressa uma FI de pedido; "Eu ainda não tenho seu telefone.", expressando pergunta. Vale ressaltar que as orações declarativas não apresentarem os traços distintivos dos outros tipos de orações aqui tratados, como por exemplo as imperativas (verbo no imperativo), as interrogativas (elemento interrogativo e ponto de interrogação) e as exclamativas (ponto de exclamação).

Caso surja o interesse ou necessidade em saber mais sobre o tema, indicamos “A Moderna Gramática Portuguesa”, de Bechara (2019) e “A Oração Simples”, de Perini (2006). Façam boas leituras.