Morfossintaxe

As línguas africanas e suas contribuições para o Português Brasileiro

Conheça algumas palavras de origem africana presentes no cotidiano do brasileiro.

16-08-2021Por: Raynara Aparecida Lopes Souza (raynaralsouza@gmail.com) Aluna de Letras Português e Literatura Correspondentes Orientador: Hélcius Batista Pereira

Foto: macrovector.

Na escola aprendemos que o latim foi fundamental para a formação do Português Brasileiro, fato que explica as diversas palavras latinas ainda presentes no nosso vocabulário. Mas você já parou para pensar que além do latim muitas outras línguas foram essenciais, principalmente no campo lexical, para a formação do Português Brasileiro? Pensando nisso, neste texto, abordarei as contribuições das línguas africanas para o Português Brasileiro.

Infelizmente, o português encontra as línguas africanas em um contexto extremamente cruel, o de escravidão. Os milhões de escravos trazidos para o Brasil foram traficados da África, trazendo consigo as suas tradições, costumes e a língua. Com o passar dos anos, por mais que proibidos de manifestar a sua cultura e até mesmo a sua própria língua, as línguas africanas acabaram se misturando com português. Após essa breve contextualização, destacarei as contribuições lexicais das línguas africanas para o Português Brasileiro.

Quando o assunto é palavras de origem africanas é comum associar aos vocábulos presentes na linguagem litúrgica dos candomblés, uma vez que se trata de uma religião afro-brasileira que faz uso de palavras como: axé, Oxum, Ogum, Orum, Olodum, Oió etc. Talvez você não saiba o significado dessas palavras, mas ao escutá-las já as relacionam ao candomblé e às línguas africanas. Com o crescimento dessa religião no país e o uso recorrente dessas palavras nas mídias digitais, esses vocábulos têm se tornado muito comum no cotidiano do brasileiro. O cantor Emicida, por exemplo, sempre faz uso de palavras relacionadas ao candomblé em suas canções, assim como na música “Baiana”:


“Baiana 'cê me bagunçou

Pirei em tua cor nagô, tua guia

Teu riso é Olodum a tocar no Pelô

Dia de Femadum, tambor alegria

'Cê me lembra malê, gosto pra valer

Dique do Tororó, Império Oió

A descer do Orum, bela Oxum

Cujo igual não há em lugar nenhum”.

Entretanto, as contribuições das línguas africanas não param por aí. A palavra “bagunçou” também aparece destacada na canção, isto porque “bagunça” também é de origem africana, assim como: banguela, moleque, xingar, cachaça, carimbo, caçula, maracutaia, cachimbo, fubá, angu, jiló, quiabo, dendê, vatapá etc. Portanto, as palavras emprestadas das línguas africanas estão mais presentes no Português Brasileiro do que seus falantes imaginam, englobando os mais variados campos semânticos.

Referência: EMICIDA. Baiana. 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3QEFDraI0XQ.


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