Dos gêneros com os quais um tradutor pode se deparar no exercício da sua profissão, o poema aparenta ser, a princípio, um dos mais desafiadores e o causador de uma boa dose de insegurança. Nele, forma e conteúdo se integram de modo tão indissociável, aproveitando o que há de melhor nas particularidades de cada língua, que chegam mesmo a inspirar considerações sobre a sua “intraduzibilidade”. É nesse sentido que Jakobson fala de “transposição criativa” e Haroldo de Campos fala de “transcriação” ao se referirem à tarefa de traduzir poemas – diferenciando-a da “tradução” propriamente dita em um movimento de exclusividade que, se não é totalmente justo, ao menos serve para enfatizar o esforço criativo que ela exige de seus praticantes.
Essa tensão entre forma e conteúdo está no cerne da dificuldade que atravessa a atividade. Se o ideal, na tradução, seria que ambos fossem perfeitamente conciliados, na prática, isso nem sempre é possível. Essa impossibilidade faz surgir o questionamento: quais das partes do poema, se seus aspectos rítmicos e fonéticos, ou se a construção de seu campo semântico, são aquelas que o definem como tal? Quais são essenciais e quais são negociáveis? Quais deveriam ser priorizadas no momento da tradução? A resposta é, talvez, mais simples do que parece: como em qualquer tradução, é o tradutor quem precisará escolher suas prioridades, pautando-se no contexto sociocomunicacional no qual está inserido e no seu encargo tradutório. Cada tradução de um poema será, portanto, influenciada por aspectos que envolvem desde considerações sobre o seu público-alvo previsto e os efeitos de sentido buscados na recepção do texto, até considerações sobre os objetivos e desejos do cliente e os meios/mídias nos quais a tradução circulará.
Quando o assunto é, mais especificamente, a tradução de poemas infantojuvenis, a especificidade do público-alvo tem um grande peso sobre o encargo tradutório. A função lúdica que acompanha esse tipo de literatura, que molda sua recepção e impacta diretamente sua fruição, é conjuntamente construída a partir de elementos como ritmo, rima, sonoridade e musicalidade (no plano da forma) e imagens, metáforas e contrastes (no plano do conteúdo). Nesse caso, o tradutor também precisará escolher suas prioridades, e o fará sempre pensando em manter o apelo ao público infantojuvenil e à função lúdica que é própria dessa modalidade literária.
E como equacionar todos esses fatores na materialidade da prática tradutória? À guisa de exemplificação, publicaremos aqui, no Mastigando Letras, os resultados de um exercício realizado no decorrer da disciplina de Práticas de Tradução II – Tradução do Texto Literário pela turma de bacharelado do ano letivo de 2020, sob orientação da Profa. Dr.ª Liliam Cristina Marins. Como parte da disciplina, cada aluno teve a oportunidade de traduzir um poema do autor Sérgio Capparelli. Nas postagens subsequentes, os leitores encontrarão muitas abordagens diferentes para a execução dessa tarefa tão complexa que é a tradução de poemas infantojuvenis, marcadas por graus variados de fidelidade ao texto-fonte e por uma maior priorização ora de seus aspectos formais, ora de seus aspectos semânticos. Todas, no entanto, compartilham um mesmo objetivo: o de entreter e dialogar com o público-alvo, apresentando-se como textos literários esteticamente autônomos. Esperamos que a diversidade dos produtos finais apresentados aqui sirva para demonstrar o leque de possibilidades que se abre ao tradutor durante a tarefa da tradução de poemas – e, paralelamente, as muitas soluções possíveis para contornar os obstáculos que lhe são tão próprios.
Leituras recomendadas
AZENHA JUNIOR, João. Tradução & literatura infantil e juvenil. In: AMORIM, Lauro Maia; RODRIGUES, Cristina Carneiro; STUPIELLO, Érika Nogueira de Andrade (Orgs.). Tradução &: perspectivas teóricas e práticas. São Paulo: Editora UNESP, 2015, pp. 209 – 232.
CAPPARELLI, Sergio. 111 poemas para crianças. Porto Alegre: L&PM, 2003.
CAPPARELLI, Sergio. Um elefante no nariz. Porto Alegre: L&PM, 2011.
CAPPARELLI, Sergio. A jiboia Gabriela. Porto Alegre: L&PM, 2011.
FALEIROS, Álvaro. Tradução & poesia. In: AMORIM, Lauro Maia; RODRIGUES, Cristina Carneiro; STUPIELLO, Érika Nogueira de Andrade (Orgs.). Tradução &: perspectivas teóricas e práticas. São Paulo: Editora UNESP, 2015, pp. 263 – 275.
CRÉDITOS DA IMAGEM DE CAPA:
FREEPIK.
BIA E PIO
Pio, sem pios,
dizia pra Bia:
“Pingam na pia
Pencas de pingos!”
Bia arrepia:
“O bico do pinto
é pingue de pios
e piam na pia
pingos e pingos”.
E Pio arrepia:
“Pingam da pipa
pingos de pinga
e bicam a pipa
os pintos aos pios”.
E Bia, na pia,
espia o Pio:
e na nuca a penugem
já se arrepia.
Pio, sem pios,
também arrepia:
com os pingos da pia
e os pios de Bia.
Ah, Pio e Bia!
Quando eu era pequenino
Quando eu era pequenino
minha mãe me dava leite,
mas agora que sou grande
minha mãe me dá porrete.
Quando eu era pequenino
vivia de pernas pro ar,
mas agora que sou grande
só me manda trabalhar.
Quando eu era pequenino
vivia a jogar bola,
mas agora que sou grande
“menino, vá pra escola!”
Quando eu era pequenino
meu pai me dava doce,
mas agora que sou grande
doce que era bem doce, acabou-se.
Quando eu era pequenino
comia o peito e a coxinha,
mas agora que sou grande
só como o pé da galinha.
Quando eu era pequenino
todo mundo me dava beijo,
mas agora que sou grande
a vaca já foi pro brejo.
Muuuuu!
O móbile
Quatro palhaços
dançam contentes
soltos no ar
feito meninos.
Quatro palhaços
fracos, franzinos,
dançam num móbile
cheio de sinos.
Quatro palhaços
- de jeito ladino -
tocam viola
e violino.
Quatro palhaços
estão dormindo
dentro dos olhos
de um menino.
Cavalo dá xeque-mate?
Agora vocês me digam:
quem conhece a lagartixa
que sonha, noite alta,
com castelos de ametista?
Ela sonha com o calango,
príncipe Dom Genovês,
que cavalga um cavalo
de um jogo de xadrez.
Cavalo dá xeque-mate?
Calango é o novo rei?
Vamos, respondam logo,
se não sabem, nem eu sei.
Bem-me-quer
Bem-me-quer
mal-me-quer,
Será o Luís?
Será o José?
Bem-me-quer
(Talvez José)
Mal-me-quer
(Talvez Luís)
Mal-me-quis
Bem-me-quis:
Foi o José?
Foi o Luís?
Quem me diz
que me quer
seja o José,
seja o Luís
será meu bem
pelos séculos dos séculos
amém.
Aurora
A lavadeira que eu conheço
lava muito para fora,
roupa do corpo e da alma
madrugada, a qualquer hora.
Pendura as roupas na linha
azul-claro do horizonte
que se estende dos abismos
até ao cismo dos montes.
A lavadeira que eu conheço
já está se indo embora,
trabalha com o sol nascente
e se chama Aurora.
Batatinha aprende a latir
O cachorro Batatinha
quer aprender a latir
Abre a boca, fecha os olhos:
i, i, i, i, i, i, i, i, i, i.
O cachorro Batatinha
até pensa que latiu.
Abre a boca, fecha os olhos:
iu, iu, iu, iu, iu, iu, iu, iu, iu.
O cachorro Batatinha
quer latir, acha que errou.
Abre a boca, fecha os olhos:
ou, ou, ou, ou, ou, ou, ou, ou.
O cachorro Batatinha
vai latir mesmo ou não vai?
Abre a boca, fecha os olhos:
ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai.
O cachorro Batatinha
tanto late que nem sei...
Abre a boca, fecha os olhos:
ei, ei, ei, ei, ei, ei, ei, ei.
O cachorro Batatinha
até pensa que aprendeu.
Abre a boca, fecha os olhos:
eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu.
Batatinha vai dormir
sonha que late afinal.
Abre a boca, fecha os olhos,
miau, miau, miau.
O gato e o rato do banhado
O gato se chama Tonho
o o rato Antoninho
o primeiro bebe água
o segundo bebe vinho.
O gato vai à missa
onde o rato é coroinha
rezam juntos rosário
puxam juntos ladainha.
Às vezes discutem, brigam,
parecem galos de rinha
mas logo se apertam as mãos
deles, não as minhas.
E brincam de esconde-esconde
nas rochas ribeirinhas
- Eu sou contrabandista
e você guarda-marinha.
O gato é muito sério
e o rato ventoinha.
O gato, sobre o telhado.
O rato, dentro da vinha.
As fases da lua
A lua
Aluada
Estuda
Tabuada.
A lua
Luneta
Estuda
Opereta.
A lua
De mel
Estuda
O Céu.
A lua
Lunática
Estuda
Gramática.
Flor amarela
Quem é a menina
de fita amarela
que veio de longe
de uma estrela?
Quem é a menina
– não sei descrevê-la –
navega no pampa
de trigo e de hera?
Quem é a menina
que dança tão bela
sobre um cavalo
selvagem sem sela?
Quem é a menina,
bonita menina,
brincando no abismo
de cabra-cega?
A menininha
Era uma vez
uma menininha
que por não ter par,
dançava sozinha
requitibum
tum tum
requitibum
tum tum
Essa menina
gostava de danças,
mas só dançava
com suas lembranças.
requitibum
tum tum
requitibum
tum tum
A menina dança
ao ritmo de um som,
apenas com a lua
e a luz do neon.
requitibum
tum tum
requitibum
tum tum
Menina bonita,
eu quero entrar,
danço contigo
à luz do luar!
requitibum
tum tum
requitibum
tum tum
Crocodilo
Um crocodilo
Do Nilo
Chamado Odilo
Preferia ser chamado de Odilon.
Um touro zebu
Chamado Zé Bu
Andava nu
Causando um grande rebu.
Uma bruxa
Gorducha
Indo pra ducha
Não se lavou, faltava bucha.
Um dromedário
Falsário
Perdeu o horário
Do avião que seguia pra Cairo.
Um tigre de Bengala
De bengala
Ia a Kampala
E só não foi por falta de mala.
Zanzibar
Meu cavalinho,
de Zanzibar,
vem zanzando,
zunindo no ar.
Pula pedra,
bacia e jirau,
sobe a escada,
num cavalo de pau.
Pula a janela,
o vaso, a hera,
atravessa o outono,
vem à primavera.
Pula cachorro,
pata, galinha,
onça, leão,
bagre e sardinha.
Varal de roupa,
calça, lençol,
e pula a casa
de um caracol.
A Praça da Sé,
Maceió, Salvador
e Rio de Janeiro
com o Redentor.
A lua minguante,
com dor de dente,
o cruzeiro do sul
e o sol poente.
Mas tromba feio
com a estrela polar
Meu cavalinho,
de pernas pro ar.
Nada se perde
Um globo
De óculos
Vira glóbulos.
Um lobo
De óculos
Vira lóbulos.
Um óculos
De óculos
Vira binóculos.
A lua
A lua nova
vai dormir,
de camisola.
Acorda,
de repente,
em um quarto
crescente.
E cheia,
pelo céu
de verão,
passeia.
Encolhe-se
adiante,
num quarto
minguante.
O buraco do tatu
O tatu cava um buraco
À procura de uma lebre,
Quando sai para se coçar,
Já está em Porto Alegre.
O tatu cava um buraco,
E fura a terra com gana,
Quando sai pra respirar,
Já está em Copacabana.
O tatu cava um buraco
E retira a terra aos montes,
Quando sai pra beber água,
Já está em Belo Horizonte.
O tatu cava um buraco,
Dia e noite, noite e dia,
Quando sai pra descansar,
Já está lá na Bahia.
O tatu cava um buraco,
Tira terra, muita terra,
Quando sai por falta de ar,
Já está na Inglaterra.
O tatu cava um buraco
E some dentro do chão,
Quando sai pra respirar,
Já está lá no Japão.
O tatu cava um buraco
Com as garras muito fortes,
Quando quer se refrescar,
Já está no Polo Norte.
O tatu cava um buraco,
Um buraco muito fundo,
Quando sai pra descansar,
Já está no fim do mundo.
O tatu cava um buraco,
Perde o fôlego, geme, sua,
Quando quer voltar atrás,
Leva um susto, está na lua.
Ana
Ana tem
um gato
no sapato,
um dromedário
no armário,
dois coelhos
no espelho
e marca de giz
bem na ponta
do nariz.
Ana tem
ventarola
na camisola,
um querubim
no jardim,
um elefante
na estante
e marca de giz
bem na ponta
do nariz.
Ana tem
pé de figo
no umbigo,
uma girafa
na tarrafa,
uma galinha
na cozinha
e marca de giz
bem na ponta
do nariz.
O louco da Redenção
Eu sou o louco
do Parque da Redenção.
Pulo corda sem ter corda
e acordo a escuridão.
Eu sou o louco
do Parque da Redenção.
De noite sou um cardume
nadando sem direção.
Eu sou o louco
do Parque da Redenção.
Bumerangues, rodopios,
uma estrela em cada mão.
Eu sou o louco
do Parque da Redenção.
Do quarto eu sou a cama
e do sótão sou o porão.
Eu sou o louco
do Parque da Redenção.
Se dizem que sou louco,
eu finjo que sou são.
Eu, São Louco,
O santo da Redenção.
GUS AND BEE (tradutora: Natália Corbello Pereira)
natacorbello@gmail.com
Bee can see
atop a tree:
“Busy bees
in a spree!”
Gus can cuss
atop a bus:
“Fuzzy bugs
in a buzz!”
But tell me, Bee,
since you can see:
these buzzing bugs
now bugging Gus
What could they be?
Busy bees?
Or fleeing fleas?
“The buzzing bugs
are bugging bees
fuzzing the trees
in fizzy glee.”
And on that
Gus and Bee
can agree!
When I was a little boy (tradutor: Allan Furtado)
allanhfurtado@hotmail.com
When I was a little boy
my mom used to nurse,
but now that I’m grown up
my mon hits me with her purse
When I was a little boy
I put my head over heels,
but now that I’m grown up
I work to have my meals
When I was a little boy
I loved the April fool,
but now that I’m a grown up
“boy, go to the school!”
When I was a little boy
my dad gave me cake,
but now that I’m grown up
life showed me what is ache.
When I was a little boy
I ate peanut butter and jelly,
but now that I’m grown up
I just eat pork belly
When I was a little boy
everybody kissed me somehow,
but now that I’m a grown up
it’s all gone to the cows.
Mooooo!
The mobile (tradutora: Ana Caroline Carvalho)
anacarolinec021@gmail.com
Four little clowns
dancing happily
free in the air
like young boys.
Four little clowns
weak, fragile,
with the sound of bells
they’re dancing in a mobile.
Four little clowns
- like a smart harlequin -
they play the guitar
and the violin.
Four little clowns
sleep and lie
into a boy’s
closed eye.
Checkmate knight (tradutora: Analu Rupp)
analur8@gmail.com
Now you tell me:
who knows the gecko
who dreams at midnight
of amethyst castles
She dreams of the lizard,
the prince of a princess,
who rides on a knight
inside a game of chess.
Can the knight checkmate?
Is the lizard a king in the game?
Come on, give me an answer,
if you don't know, it’s a shame.
The daisy game (tradutora: Anna Ioris)
annacioris@gmail.com
He loves me
He loves me not.
Is it Louis?
Or is it Scott?
He loves me
(Maybe Louis)
He loves me not
(Perhaps Scott)
He did not love me
He did love me
Was it Scott?
Was it Louis?
Who said to me
that loves me?
Be Scott
or be Louis,
my love will be
for all the centuries and centuries
Amem.
Aurora (tradutora: Carolina Politte)
carolpolitte13@gmail.com
The washer I know
washes clothes out
clothes to body and soul
even in the dawn and blackout.
Clothes are hanging
in the light blue horizon’s line
that starts in the abysm
´till the mountain’s pine
The washer I know
is saying “it´s time to go”.
She works when the sun is rising,
her name is Aurora, how’d you know?
Tater Tot learns to bark (tradutor: Ciro Neto)
ciro.aneto@gmail.com
Tiny Tater Tot, the dog,
wants to learn how to bark
Open mouth and closed eyes:
ar, ar, ar, ar, ar, ar, ar, ar, ar.
Tiny Tater Tot, the dog,
thinks he’s already arfed.
Open mouth and closed eyes:
farf, farf, farf, farf, farf, farf, farf.
Tiny Tater Tot, the dog,
wants to woof, thinks he’s missed.
Open mouth and closed eyes:
iss, iss, iss, iss, iss, iss, iss.
Tiny Tater Tot, the dog,
will you bark or take too long?
Open mouth and closed eyes:
rong, rong, rong, rong, rong, rong.
Tiny Tater Tot, the dog,
tries so hard to make a yap.
Open mouth and closed eyes:
tap, tap, tap, tap, tap, tap.
Tiny Tater Tot, the dog,
guesses he’s finally got it.
Open mouth and closed eyes:
eet, eet, eet, eet, eet, eet.
Tater Tot goes to sleep,
thinking he can finally howl.
Open mouth and closed eyes,
meow, meow, meow.
The cat and the rat
of the marshland (tradutora: Danielle Kataoka)
kataokadanielle@gmail.com
The cat’s called Kline
and the rat Devine
the first drinks water
the other drinks wine.
The cat goes to church
where the rat is a prayer
they pray the chapelet
and a wish they share.
Sometimes they argue and fight
just like cat and dog,
but soon they shake hands
in fact, they jog.
They play hide-and-seek
in the rocks by the yard
- I am a contrabandist
and you are the marine-guard.
The cat is more serious
and the rat is quicker.
The cat is on the roof
And the rat goes to the litter.
The moon phases (tradutor: Felipe Lisbôa)
lisboafelipe1@hotmail.com
The moon
Moonstruck
In multiplication
She’s stuck.
The moon
In her smartness
Wants to be
An opera artist
The honeymoon
Impermanent
Study about
The firmament.
The moon
In drama
Study
Grammar.
Yellow flower (tradutora: Gabriele Souza)
gabrielelopes-batista@outlook.com
Who’s that girl
with a yellow bow
that came from far away
simply to glow?
Who’s that girl
that I wanna know
playing on the grass
where she rubs her toe?
Who’s that girl
dancing in a charming way
riding an unsaddled horse
leading her feet astray?
Who’s that girl
beautiful girl
right on the abyss
where she likes to play?
The girl (tradutor: Ícaro Gonçalves)
icarosgon@gmail.com
Once upon a time
there was a girl.
She didn’t have a dime,
but she’d always dance and twirl
rektchboom
bom bom
rektchboom
bom bom
The girl
loved to dance
and her movements unfurl
at any given chance.
rektchboom
bom bom
rektchboom
bom bom
The girl’d dance
no matter the song,
no matter the place,
nor for how long.
rektchboom
bom bom
rektchboom
bom bom
Hey, pretty girl,
you fill the world with joy.
When you twirl,
your moves we enjoy!
rektchboom
bom bom
rektchboom
bom bom
Crocodile (tradutora: Júlia Goya)
julia.goya98@gmail.com
A crocodile
Of the Nile
Named Odile,
Would rather be called Smile.
There was a zebu
Named Lee Boo
Naked, it is true,
You make a mess, so shoo!
There was a witch,
Sweet like a peach.
She wasn’t so rich,
‘Cause soap had to snitch.
A dromedary
Was not that wary,
Just lost the ferry
That would pass by the prairie.
An injured tiger,
Needed a driver.
To go to Niger
But didn’t go ‘cause he was a liar.
Zanzibar (tradutora: Júlia Goya)
julia.goya98@gmail.com
My little horse,
from Zanzibar,
comes zigzagging,
going so far.
Jumping the barriers,
sticks and stones,
crossing the mountains,
and so many zones.
Jumping the window,
a piece of string,
he crosses the fall,
to reach the spring.
Jumping the dogs,
paws and the cats,
so many mammals
from lions to rats.
Jumping clothesline,
on top of the house,
he finds the laundry,
with pants and a blouse.
Jumping the cities,
São Paulo, Salvador
and Rio de Janeiro,
that we both adore.
The sun is leaving,
and here comes the moon,
together, they float
just like a balloon.
But suddenly it bumps
and ends with a frown
My little horse
just upside down.
Nothing is wated (tradutora: Laura Zanetti)
lczanetti@outlook.com
A globe
With eyeglass
Is a globulass
A gobble
With eyeglass
Is a gobblulass
An eyeglass
With eyeglass
Is the binoculars.
The moon (tradutora: Marcella Martinez Marques)
marcellamartinezmarques@gmail.com
The new moon
goes the sleep,
inside the room.
Suddenly,
it becomes fluorescent,
'cause it turned to
waxing crescent.
The full moon,
around
the Sky,
will leave soon.
Hidden,
incessant,
it turns
to waning crescent.
The armadillo’s hole (tradutora: Milena Rodrigues)
milena-35@hotmail.com
An armadillo digs a hole
Trying to find beans,
When it goes outside
It’s already in Philippines.
An armadillo digs a hole,
And it digs quickly
When it finally stops,
It’s already in Italy.
An armadillo digs a hole
And it digs it again,
When it gets thirsty
It’s already in Spain.
An armadillo digs a hole,
Without knowing why,
When it finally ends,
It’s already in Uruguay.
An armadillo digs a hole,
And it gets hungry again,
When it stops to eat
It’s already in Bahrain.
An armadillo digs a hole
And he finds some peace,
When it gets near the sea,
It’s already in Greece.
An armadillo digs a hole
And it goes far away,
When it wants to rest,
It’s already in Norway.
An armadillo digs a hole,
And it finds lots of zirconia,
When it finds more minerals,
It’s already in Patagonia.
An armadillo digs a hole,
But it hopes it ends soon,
When it wants to come back,
It’s already in the moon.
Anna (tradutor: Blake Oliver Camargo)
prfurquim@hotmail.com
Anna draws
a kitten
in the kitchen,
a dromedary
in a cabinet of a library,
a tiny Bunny
being funny.
She’s using crayons
till she gets tired
and yawns
Anna draws
a widow
in the window,
many seraphim
having ice cream,
an elephant herd
lost in a crossword.
She’s using crayons
till she gets tired
and yawns
Anna draws
fig plants
inside a pair of pants,
a giraffe
with hyena’s laugh,
a hen
drawing with a pen.
She’s using crayons
till she gets tired
and yawns.
(tradutora: Michelle Joaquim Tambosi)
michelletmbs@gmail.com
I’ am the crazy one
of the Redemption Park.
I skip rope with no rope
and I rouse the sleeping dark.
I’m the crazy one
of the Redemption Park.
I used to swimming lonely
like a shoal of one shark.
I’m the crazy one
of the Redemption Park.
Boomerang, hula hoop,
in my hands, the stars spark.
I’m the crazy one
of the Redemption Park.
I’m the basement of the attic
Of the forest, I’m the lark.
I’ am the crazy one
of the Redemption Park.
If someone calls me crazy
I pretend I don’t bark.
Me, the sacred crazy one,
the Saint with the redemption mark.