Morfossintaxe

A TRADUÇÃO DE POEMAS INFANTOJUVENIS: EXPERIMENTAÇÕES COM O UNIVERSO LÚDICO DE SÉRGIO CAPPARELLI

25-03-2022Por: Natália Corbello Pereira

Dos gêneros com os quais um tradutor pode se deparar no exercício da sua profissão, o poema aparenta ser, a princípio, um dos mais desafiadores e o causador de uma boa dose de insegurança. Nele, forma e conteúdo se integram de modo tão indissociável, aproveitando o que há de melhor nas particularidades de cada língua, que chegam mesmo a inspirar considerações sobre a sua “intraduzibilidade”. É nesse sentido que Jakobson fala de “transposição criativa” e Haroldo de Campos fala de “transcriação” ao se referirem à tarefa de traduzir poemas – diferenciando-a da “tradução” propriamente dita em um movimento de exclusividade que, se não é totalmente justo, ao menos serve para enfatizar o esforço criativo que ela exige de seus praticantes.

Essa tensão entre forma e conteúdo está no cerne da dificuldade que atravessa a atividade. Se o ideal, na tradução, seria que ambos fossem perfeitamente conciliados, na prática, isso nem sempre é possível. Essa impossibilidade faz surgir o questionamento: quais das partes do poema, se seus aspectos rítmicos e fonéticos, ou se a construção de seu campo semântico, são aquelas que o definem como tal? Quais são essenciais e quais são negociáveis? Quais deveriam ser priorizadas no momento da tradução? A resposta é, talvez, mais simples do que parece: como em qualquer tradução, é o tradutor quem precisará escolher suas prioridades, pautando-se no contexto sociocomunicacional no qual está inserido e no seu encargo tradutório. Cada tradução de um poema será, portanto, influenciada por aspectos que envolvem desde considerações sobre o seu público-alvo previsto e os efeitos de sentido buscados na recepção do texto, até considerações sobre os objetivos e desejos do cliente e os meios/mídias nos quais a tradução circulará.

Quando o assunto é, mais especificamente, a tradução de poemas infantojuvenis, a especificidade do público-alvo tem um grande peso sobre o encargo tradutório. A função lúdica que acompanha esse tipo de literatura, que molda sua recepção e impacta diretamente sua fruição, é conjuntamente construída a partir de elementos como ritmo, rima, sonoridade e musicalidade (no plano da forma) e imagens, metáforas e contrastes (no plano do conteúdo). Nesse caso, o tradutor também precisará escolher suas prioridades, e o fará sempre pensando em manter o apelo ao público infantojuvenil e à função lúdica que é própria dessa modalidade literária.

E como equacionar todos esses fatores na materialidade da prática tradutória? À guisa de exemplificação, publicaremos aqui, no Mastigando Letras, os resultados de um exercício realizado no decorrer da disciplina de Práticas de Tradução II – Tradução do Texto Literário pela turma de bacharelado do ano letivo de 2020, sob orientação da Profa. Dr.ª Liliam Cristina Marins. Como parte da disciplina, cada aluno teve a oportunidade de traduzir um poema do autor Sérgio Capparelli. Nas postagens subsequentes, os leitores encontrarão muitas abordagens diferentes para a execução dessa tarefa tão complexa que é a tradução de poemas infantojuvenis, marcadas por graus variados de fidelidade ao texto-fonte e por uma maior priorização ora de seus aspectos formais, ora de seus aspectos semânticos. Todas, no entanto, compartilham um mesmo objetivo: o de entreter e dialogar com o público-alvo, apresentando-se como textos literários esteticamente autônomos. Esperamos que a diversidade dos produtos finais apresentados aqui sirva para demonstrar o leque de possibilidades que se abre ao tradutor durante a tarefa da tradução de poemas – e, paralelamente, as muitas soluções possíveis para contornar os obstáculos que lhe são tão próprios.

Leituras recomendadas

AZENHA JUNIOR, João. Tradução & literatura infantil e juvenil. In: AMORIM, Lauro Maia; RODRIGUES, Cristina Carneiro; STUPIELLO, Érika Nogueira de Andrade (Orgs.). Tradução &: perspectivas teóricas e práticas. São Paulo: Editora UNESP, 2015, pp. 209 – 232.

CAPPARELLI, Sergio. 111 poemas para crianças. Porto Alegre: L&PM, 2003.

CAPPARELLI, Sergio. Um elefante no nariz. Porto Alegre: L&PM, 2011.

CAPPARELLI, Sergio. A jiboia Gabriela. Porto Alegre: L&PM, 2011.

FALEIROS, Álvaro. Tradução & poesia. In: AMORIM, Lauro Maia; RODRIGUES, Cristina Carneiro; STUPIELLO, Érika Nogueira de Andrade (Orgs.). Tradução &: perspectivas teóricas e práticas. São Paulo: Editora UNESP, 2015, pp. 263 – 275.


CRÉDITOS DA IMAGEM DE CAPA:


FREEPIK.

BIA E PIO

Pio, sem pios,

dizia pra Bia:

“Pingam na pia

Pencas de pingos!”

Bia arrepia:

“O bico do pinto

é pingue de pios

e piam na pia

pingos e pingos”.

E Pio arrepia:

“Pingam da pipa

pingos de pinga

e bicam a pipa

os pintos aos pios”.

E Bia, na pia,

espia o Pio:

e na nuca a penugem

já se arrepia.

Pio, sem pios,

também arrepia:

com os pingos da pia

e os pios de Bia.

Ah, Pio e Bia!




Quando eu era pequenino

Quando eu era pequenino

minha mãe me dava leite,

mas agora que sou grande

minha mãe me dá porrete.

Quando eu era pequenino

vivia de pernas pro ar,

mas agora que sou grande

só me manda trabalhar.

Quando eu era pequenino

vivia a jogar bola,

mas agora que sou grande

“menino, vá pra escola!”

Quando eu era pequenino

meu pai me dava doce,

mas agora que sou grande

doce que era bem doce, acabou-se.

Quando eu era pequenino

comia o peito e a coxinha,

mas agora que sou grande

só como o pé da galinha.

Quando eu era pequenino

todo mundo me dava beijo,

mas agora que sou grande

a vaca já foi pro brejo.

Muuuuu!




O móbile

Quatro palhaços

dançam contentes

soltos no ar

feito meninos.

Quatro palhaços

fracos, franzinos,

dançam num móbile

cheio de sinos.

Quatro palhaços

- de jeito ladino -

tocam viola

e violino.

Quatro palhaços

estão dormindo

dentro dos olhos

de um menino.




Cavalo dá xeque-mate?

Agora vocês me digam:

quem conhece a lagartixa

que sonha, noite alta,

com castelos de ametista?

Ela sonha com o calango,

príncipe Dom Genovês,

que cavalga um cavalo

de um jogo de xadrez.

Cavalo dá xeque-mate?

Calango é o novo rei?

Vamos, respondam logo,

se não sabem, nem eu sei.




Bem-me-quer

Bem-me-quer

mal-me-quer,

Será o Luís?

Será o José?

Bem-me-quer

(Talvez José)

Mal-me-quer

(Talvez Luís)

Mal-me-quis

Bem-me-quis:

Foi o José?

Foi o Luís?

Quem me diz

que me quer

seja o José,

seja o Luís

será meu bem

pelos séculos dos séculos

amém.



Aurora

A lavadeira que eu conheço

lava muito para fora,

roupa do corpo e da alma

madrugada, a qualquer hora.

Pendura as roupas na linha

azul-claro do horizonte

que se estende dos abismos

até ao cismo dos montes.

A lavadeira que eu conheço

já está se indo embora,

trabalha com o sol nascente

e se chama Aurora.



Batatinha aprende a latir

O cachorro Batatinha

quer aprender a latir

Abre a boca, fecha os olhos:

i, i, i, i, i, i, i, i, i, i.

O cachorro Batatinha

até pensa que latiu.

Abre a boca, fecha os olhos:

iu, iu, iu, iu, iu, iu, iu, iu, iu.

O cachorro Batatinha

quer latir, acha que errou.

Abre a boca, fecha os olhos:

ou, ou, ou, ou, ou, ou, ou, ou.

O cachorro Batatinha

vai latir mesmo ou não vai?

Abre a boca, fecha os olhos:

ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai.

O cachorro Batatinha

tanto late que nem sei...

Abre a boca, fecha os olhos:

ei, ei, ei, ei, ei, ei, ei, ei.

O cachorro Batatinha

até pensa que aprendeu.

Abre a boca, fecha os olhos:

eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu.

Batatinha vai dormir

sonha que late afinal.

Abre a boca, fecha os olhos,

miau, miau, miau.





O gato e o rato do banhado

O gato se chama Tonho

o o rato Antoninho

o primeiro bebe água

o segundo bebe vinho.

O gato vai à missa

onde o rato é coroinha

rezam juntos rosário

puxam juntos ladainha.

Às vezes discutem, brigam,

parecem galos de rinha

mas logo se apertam as mãos

deles, não as minhas.

E brincam de esconde-esconde

nas rochas ribeirinhas

- Eu sou contrabandista

e você guarda-marinha.

O gato é muito sério

e o rato ventoinha.

O gato, sobre o telhado.

O rato, dentro da vinha.




As fases da lua

A lua

Aluada

Estuda

Tabuada.

A lua

Luneta

Estuda

Opereta.

A lua

De mel

Estuda

O Céu.

A lua

Lunática

Estuda

Gramática.




Flor amarela

Quem é a menina

de fita amarela

que veio de longe

de uma estrela?

Quem é a menina

– não sei descrevê-la –

navega no pampa

de trigo e de hera?

Quem é a menina

que dança tão bela

sobre um cavalo

selvagem sem sela?

Quem é a menina,

bonita menina,

brincando no abismo

de cabra-cega?




A menininha

Era uma vez

uma menininha

que por não ter par,

dançava sozinha

requitibum

tum tum

requitibum

tum tum

Essa menina

gostava de danças,

mas só dançava

com suas lembranças.

requitibum

tum tum

requitibum

tum tum

A menina dança

ao ritmo de um som,

apenas com a lua

e a luz do neon.

requitibum

tum tum

requitibum

tum tum

Menina bonita,

eu quero entrar,

danço contigo

à luz do luar!

requitibum

tum tum

requitibum

tum tum



Crocodilo

Um crocodilo

Do Nilo

Chamado Odilo

Preferia ser chamado de Odilon.

Um touro zebu

Chamado Zé Bu

Andava nu

Causando um grande rebu.

Uma bruxa

Gorducha

Indo pra ducha

Não se lavou, faltava bucha.

Um dromedário

Falsário

Perdeu o horário

Do avião que seguia pra Cairo.

Um tigre de Bengala

De bengala

Ia a Kampala

E só não foi por falta de mala.




Zanzibar

Meu cavalinho,

de Zanzibar,

vem zanzando,

zunindo no ar.

Pula pedra,

bacia e jirau,

sobe a escada,

num cavalo de pau.

Pula a janela,

o vaso, a hera,

atravessa o outono,

vem à primavera.

Pula cachorro,

pata, galinha,

onça, leão,

bagre e sardinha.

Varal de roupa,

calça, lençol,

e pula a casa

de um caracol.

A Praça da Sé,

Maceió, Salvador

e Rio de Janeiro

com o Redentor.

A lua minguante,

com dor de dente,

o cruzeiro do sul

e o sol poente.

Mas tromba feio

com a estrela polar

Meu cavalinho,

de pernas pro ar.



Nada se perde

Um globo

De óculos

Vira glóbulos.

Um lobo

De óculos

Vira lóbulos.

Um óculos

De óculos

Vira binóculos.



A lua

A lua nova

vai dormir,

de camisola.

Acorda,

de repente,

em um quarto

crescente.

E cheia,

pelo céu

de verão,

passeia.

Encolhe-se

adiante,

num quarto

minguante.



O buraco do tatu

O tatu cava um buraco

À procura de uma lebre,

Quando sai para se coçar,

Já está em Porto Alegre.

O tatu cava um buraco,

E fura a terra com gana,

Quando sai pra respirar,

Já está em Copacabana.

O tatu cava um buraco

E retira a terra aos montes,

Quando sai pra beber água,

Já está em Belo Horizonte.

O tatu cava um buraco,

Dia e noite, noite e dia,

Quando sai pra descansar,

Já está lá na Bahia.

O tatu cava um buraco,

Tira terra, muita terra,

Quando sai por falta de ar,

Já está na Inglaterra.

O tatu cava um buraco

E some dentro do chão,

Quando sai pra respirar,

Já está lá no Japão.

O tatu cava um buraco

Com as garras muito fortes,

Quando quer se refrescar,

Já está no Polo Norte.

O tatu cava um buraco,

Um buraco muito fundo,

Quando sai pra descansar,

Já está no fim do mundo.

O tatu cava um buraco,

Perde o fôlego, geme, sua,

Quando quer voltar atrás,

Leva um susto, está na lua.




Ana

Ana tem

um gato

no sapato,

um dromedário

no armário,

dois coelhos

no espelho

e marca de giz

bem na ponta

do nariz.

Ana tem

ventarola

na camisola,

um querubim

no jardim,

um elefante

na estante

e marca de giz

bem na ponta

do nariz.

Ana tem

pé de figo

no umbigo,

uma girafa

na tarrafa,

uma galinha

na cozinha

e marca de giz

bem na ponta

do nariz.



O louco da Redenção

Eu sou o louco

do Parque da Redenção.

Pulo corda sem ter corda

e acordo a escuridão.

Eu sou o louco

do Parque da Redenção.

De noite sou um cardume

nadando sem direção.

Eu sou o louco

do Parque da Redenção.

Bumerangues, rodopios,

uma estrela em cada mão.

Eu sou o louco

do Parque da Redenção.

Do quarto eu sou a cama

e do sótão sou o porão.

Eu sou o louco

do Parque da Redenção.

Se dizem que sou louco,

eu finjo que sou são.

Eu, São Louco,

O santo da Redenção.




GUS AND BEE (tradutora: Natália Corbello Pereira)

natacorbello@gmail.com

Bee can see

atop a tree:

“Busy bees

in a spree!”

Gus can cuss

atop a bus:

“Fuzzy bugs

in a buzz!”

But tell me, Bee,

since you can see:

these buzzing bugs

now bugging Gus

What could they be?

Busy bees?

Or fleeing fleas?

“The buzzing bugs

are bugging bees

fuzzing the trees

in fizzy glee.”

And on that

Gus and Bee

can agree!



When I was a little boy (tradutor: Allan Furtado)

allanhfurtado@hotmail.com

When I was a little boy

my mom used to nurse,

but now that I’m grown up

my mon hits me with her purse

When I was a little boy

I put my head over heels,

but now that I’m grown up

I work to have my meals

When I was a little boy

I loved the April fool,

but now that I’m a grown up

“boy, go to the school!”

When I was a little boy

my dad gave me cake,

but now that I’m grown up

life showed me what is ache.

When I was a little boy

I ate peanut butter and jelly,

but now that I’m grown up

I just eat pork belly

When I was a little boy

everybody kissed me somehow,

but now that I’m a grown up

it’s all gone to the cows.

Mooooo!




The mobile (tradutora: Ana Caroline Carvalho)

anacarolinec021@gmail.com

Four little clowns

dancing happily

free in the air

like young boys.

Four little clowns

weak, fragile,

with the sound of bells

they’re dancing in a mobile.

Four little clowns

- like a smart harlequin -

they play the guitar

and the violin.

Four little clowns

sleep and lie

into a boy’s

closed eye.






Checkmate knight (tradutora: Analu Rupp)

analur8@gmail.com

Now you tell me:

who knows the gecko

who dreams at midnight

of amethyst castles

She dreams of the lizard,

the prince of a princess,

who rides on a knight

inside a game of chess.

Can the knight checkmate?

Is the lizard a king in the game?

Come on, give me an answer,

if you don't know, it’s a shame.





The daisy game (tradutora: Anna Ioris)

annacioris@gmail.com

He loves me

He loves me not.

Is it Louis?

Or is it Scott?

He loves me

(Maybe Louis)

He loves me not

(Perhaps Scott)

He did not love me

He did love me

Was it Scott?

Was it Louis?

Who said to me

that loves me?

Be Scott

or be Louis,

my love will be

for all the centuries and centuries

Amem.



Aurora (tradutora: Carolina Politte)

carolpolitte13@gmail.com

The washer I know

washes clothes out

clothes to body and soul

even in the dawn and blackout.

Clothes are hanging

in the light blue horizon’s line

that starts in the abysm

´till the mountain’s pine

The washer I know

is saying “it´s time to go”.

She works when the sun is rising,

her name is Aurora, how’d you know?



Tater Tot learns to bark (tradutor: Ciro Neto)

ciro.aneto@gmail.com

Tiny Tater Tot, the dog,

wants to learn how to bark

Open mouth and closed eyes:

ar, ar, ar, ar, ar, ar, ar, ar, ar.

Tiny Tater Tot, the dog,

thinks he’s already arfed.

Open mouth and closed eyes:

farf, farf, farf, farf, farf, farf, farf.

Tiny Tater Tot, the dog,

wants to woof, thinks he’s missed.

Open mouth and closed eyes:

iss, iss, iss, iss, iss, iss, iss.

Tiny Tater Tot, the dog,

will you bark or take too long?

Open mouth and closed eyes:

rong, rong, rong, rong, rong, rong.

Tiny Tater Tot, the dog,

tries so hard to make a yap.

Open mouth and closed eyes:

tap, tap, tap, tap, tap, tap.

Tiny Tater Tot, the dog,

guesses he’s finally got it.

Open mouth and closed eyes:

eet, eet, eet, eet, eet, eet.

Tater Tot goes to sleep,

thinking he can finally howl.

Open mouth and closed eyes,

meow, meow, meow.



The cat and the rat

of the marshland (tradutora: Danielle Kataoka)

kataokadanielle@gmail.com

The cat’s called Kline

and the rat Devine

the first drinks water

the other drinks wine.

The cat goes to church

where the rat is a prayer

they pray the chapelet

and a wish they share.

Sometimes they argue and fight

just like cat and dog,

but soon they shake hands

in fact, they jog.

They play hide-and-seek

in the rocks by the yard

- I am a contrabandist

and you are the marine-guard.

The cat is more serious

and the rat is quicker.

The cat is on the roof

And the rat goes to the litter.



The moon phases (tradutor: Felipe Lisbôa)

lisboafelipe1@hotmail.com

The moon

Moonstruck

In multiplication

She’s stuck.

The moon

In her smartness

Wants to be

An opera artist

The honeymoon

Impermanent

Study about

The firmament.

The moon

In drama

Study

Grammar.




Yellow flower (tradutora: Gabriele Souza)

gabrielelopes-batista@outlook.com

Who’s that girl

with a yellow bow

that came from far away

simply to glow?

Who’s that girl

that I wanna know

playing on the grass

where she rubs her toe?

Who’s that girl

dancing in a charming way

riding an unsaddled horse

leading her feet astray?

Who’s that girl

beautiful girl

right on the abyss

where she likes to play?



The girl (tradutor: Ícaro Gonçalves)

icarosgon@gmail.com

Once upon a time

there was a girl.

She didn’t have a dime,

but she’d always dance and twirl

rektchboom

bom bom

rektchboom

bom bom

The girl

loved to dance

and her movements unfurl

at any given chance.

rektchboom

bom bom

rektchboom

bom bom

The girl’d dance

no matter the song,

no matter the place,

nor for how long.

rektchboom

bom bom

rektchboom

bom bom

Hey, pretty girl,

you fill the world with joy.

When you twirl,

your moves we enjoy!

rektchboom

bom bom

rektchboom

bom bom



Crocodile (tradutora: Júlia Goya)

julia.goya98@gmail.com

A crocodile

Of the Nile

Named Odile,

Would rather be called Smile.

There was a zebu

Named Lee Boo

Naked, it is true,

You make a mess, so shoo!

There was a witch,

Sweet like a peach.

She wasn’t so rich,

‘Cause soap had to snitch.

A dromedary

Was not that wary,

Just lost the ferry

That would pass by the prairie.

An injured tiger,

Needed a driver.

To go to Niger

But didn’t go ‘cause he was a liar.




Zanzibar (tradutora: Júlia Goya)

julia.goya98@gmail.com

My little horse,

from Zanzibar,

comes zigzagging,

going so far.

Jumping the barriers,

sticks and stones,

crossing the mountains,

and so many zones.

Jumping the window,

a piece of string,

he crosses the fall,

to reach the spring.

Jumping the dogs,

paws and the cats,

so many mammals

from lions to rats.

Jumping clothesline,

on top of the house,

he finds the laundry,

with pants and a blouse.

Jumping the cities,

São Paulo, Salvador

and Rio de Janeiro,

that we both adore.

The sun is leaving,

and here comes the moon,

together, they float

just like a balloon.

But suddenly it bumps

and ends with a frown

My little horse

just upside down.



Nothing is wated (tradutora: Laura Zanetti)

lczanetti@outlook.com

A globe

With eyeglass

Is a globulass

A gobble

With eyeglass

Is a gobblulass

An eyeglass

With eyeglass

Is the binoculars.



The moon (tradutora: Marcella Martinez Marques)

marcellamartinezmarques@gmail.com

The new moon

goes the sleep,

inside the room.

Suddenly,

it becomes fluorescent,

'cause it turned to

waxing crescent.

The full moon,

around

the Sky,

will leave soon.

Hidden,

incessant,

it turns

to waning crescent.



The armadillo’s hole (tradutora: Milena Rodrigues)

milena-35@hotmail.com

An armadillo digs a hole

Trying to find beans,

When it goes outside

It’s already in Philippines.

An armadillo digs a hole,

And it digs quickly

When it finally stops,

It’s already in Italy.

An armadillo digs a hole

And it digs it again,

When it gets thirsty

It’s already in Spain.

An armadillo digs a hole,

Without knowing why,

When it finally ends,

It’s already in Uruguay.

An armadillo digs a hole,

And it gets hungry again,

When it stops to eat

It’s already in Bahrain.

An armadillo digs a hole

And he finds some peace,

When it gets near the sea,

It’s already in Greece.

An armadillo digs a hole

And it goes far away,

When it wants to rest,

It’s already in Norway.

An armadillo digs a hole,

And it finds lots of zirconia,

When it finds more minerals,

It’s already in Patagonia.

An armadillo digs a hole,

But it hopes it ends soon,

When it wants to come back,

It’s already in the moon.



Anna (tradutor: Blake Oliver Camargo)

prfurquim@hotmail.com

Anna draws

a kitten

in the kitchen,

a dromedary

in a cabinet of a library,

a tiny Bunny

being funny.

She’s using crayons

till she gets tired

and yawns

Anna draws

a widow

in the window,

many seraphim

having ice cream,

an elephant herd

lost in a crossword.

She’s using crayons

till she gets tired

and yawns

Anna draws

fig plants

inside a pair of pants,

a giraffe

with hyena’s laugh,

a hen

drawing with a pen.

She’s using crayons

till she gets tired

and yawns.



(tradutora: Michelle Joaquim Tambosi)

michelletmbs@gmail.com

I’ am the crazy one

of the Redemption Park.

I skip rope with no rope

and I rouse the sleeping dark.

I’m the crazy one

of the Redemption Park.

I used to swimming lonely

like a shoal of one shark.

I’m the crazy one

of the Redemption Park.

Boomerang, hula hoop,

in my hands, the stars spark.

I’m the crazy one

of the Redemption Park.

I’m the basement of the attic

Of the forest, I’m the lark.

I’ am the crazy one

of the Redemption Park.

If someone calls me crazy

I pretend I don’t bark.

Me, the sacred crazy one,

the Saint with the redemption mark.