Este ano a meta é manter a saúde mental e emocional

A Fonética e a compreensão de hiatos, ditongos e tritongos

No título, a palavra saúde contém um hiato, isto é, as vogais “a” e “u” estão em sílabas distintas. Já na palavra “emocional” as vogais “i” e “o” formam um ditongo e ficam juntas na mesma sílaba. Um ditongo consiste em uma sequência de segmentos vocálicos, sendo que um deles é uma vogal, enquanto o outro é um glide (elemento tradicionalmente conhecido com semivogal). De acordo com Cristófaro Silva (2008), o segmento interpretado como vogal no ditongo é aquele que tem proeminência acentual e constitui o pico ou o núcleo da sílaba. Em inglês, a palavra glide significa “deslizar” e é utilizada para representar o movimento da língua na articulação do ditongo: a língua desliza suavemente da posição de articulação de um segmento para a posição de articulação do outro segmento da sílaba.

Para Cristófaro Silva (2003) os ditongos podem apresentar-se da seguinte forma:

Ditongos crescentes: consistem de uma sequência glide-vogal e são sempre orais. O glide que ocorre na parte inicial de um ditongo crescente pode ser [i] ou [u], como em acionista, mágoa, série, séria.

Ditongos decrescentes orais: consistem em uma sequência vogal-glide. O glide que ocorre na parte final do ditongo pode ser [i] ou [u]. Como exemplo podemos citar as palavras pai, boi, pau, sou, meu.

Ditongos decrescentes nasais: mãe, põe, muito, pão.

As sequências tradicionalmente denominadas “tritongos” são analisadas por Cristófaro Silva (2003) como uma sequência de oclusiva velar labializada, que pode ser seguida por uma vogal ou por um ditongo como em “quase” e “quais”, respectivamente. Os segmentos [kw] e [gw] são denominados consoantes complexas e correspondem a uma oclusiva velar labializada. Nessas consoantes, articulamos a oclusiva velar [k] ou [g] concomitante com o arredondamento dos lábios. Vale ressaltar, aqui, que algumas palavras que geralmente apresentam consoantes complexas na pronúncia de certos falantes podem apresentar apenas uma oclusiva velar [k, g] na pronúncia de outros. Servem como exemplo as palavras liquidificador (que pode ser pronunciada “qui” ou “cui”) e quatorze (que pode ser pronunciada “qua” ou “ca”).

CRISTÓFARO SILVA, T. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 7. ed. S. Paulo: Contexto, 2003.