Fonética e Fonologia

Dígrafos

Quando a combinação de duas letras representa apenas um som

02-02-2021Por: Julia Lourenço Pereira Letras Português- Inglês Orientador: Juliano Desiderato Antonio.

Em uma língua não existe correspondência exata entre os sons e os grafemas que os representam. Embora a língua portuguesa não seja muito complicada nesse aspecto (se comparada à língua inglesa ou à língua francesa, por exemplo), é necessário se atentar a alguns contextos em que as letras se apresentam de forma menos intuitiva. De modo geral, o que ocorre na língua é a relação de um som para mais de uma letra ou combinação de letras. Por essa razão, trataremos, neste texto, da representação de alguns sons consonantais por meio dos chamados dígrafos, causadores recorrentes de erros de escrita em alunos em processo de letramento.


Os dígrafos são combinações de letras que representam um só fonema, ou seja, duas letras são empregadas para representar apenas um som, dependendo de sua posição na palavra.


O quadro a seguir, adaptado de Lemle (1988), apresenta alguns sons que são representados por dígrafos no português

Levando em conta a história da língua, podemos destacar como se deu o surgimento de alguns dígrafos. Segundo Said Ali (1931), a duplicação do r e do s surgiu por necessidade de diferenciar sons que se confundiam, como o r fraco na palavra caro e o forte em carro, ou o s vozeado na palavra rosa e o desvozeado em nosso. Em um período anterior, o português chegou a adicionar as letras duplicadas até mesmo em contextos em que os sons são representados pela letra correspondente, como em rrico, rreligião, ssegundo, pulsso. Mas, como fica claro no quadro, há posições específicas em que se tem a necessidade do dígrafo para que os sons não se confundam. Como estudantes que não são familiarizados com a história da própria língua ao longo dos anos escolares, tendemos a pensar que as particularidades da língua surgem arbitrariamente quando, na verdade, a história tem suas explicações a dar.


Referências


LEMLE, M. Guia teórico do alfabetizador. 3. ed. S. Paulo: Ática, 1988.

SAID ALI, M. Grammatica Historica da Lingua Portugueza. 2. ed. S. Paulo: Melhoramentos, 1931.