Persépolis: A construção da identidade nos quadros de Marjane Satrapi

Mastigando Letras: Qual o tema de sua pesquisa? O que foi pesquisado?

Entrevistado: O objetivo da pesquisa foi realizar uma análise da protagonista na graphic novel autobiográfica Persépolis, da autora iraniana Marjane Satrapi, com foco nos temas de identidade, deslocamento e pós-colonialismo.

Mastigando Letras: De qual teoria ou de quais autores você se utilizou para realizar sua pesquisa?

Entrevistado: Foram utilizadas as teorias de Thomas Bonnici, e suas discussões sobre pós-colonialismo, Avtar Brah, com suas questões de diferença e diferenciação, mas principalmente de Stuart Hall, e seu estudo da identidade.

Mastigando Letras: Você poderia falar um pouco dos métodos e procedimentos que você se utilizou para realizar a sua pesquisa?

Entrevistado: Após a leitura e fichamento das teorias, estabeleci como foco da análise os cinco eventos da teoria social que causaram o descentramento do sujeito e o nascimento do sujeito pós-moderno, de acordo com Hall. A partir daí, realizei uma releitura da obra em busca de momentos e características da protagonista que revelavam estes descentramentos na construção da identidade da personagem.

Mastigando Letras: Que dificuldades você encontrou para realizar sua pesquisa?

Entrevistado: Ao se deparar com uma obra tão rica em assuntos diferentes e complexos, uma das dificuldades foi estabelecer um foco para a produção do texto. Mesmo se focando apenas na protagonista, havia muito o que escrever sobre ela. Nesse sentido minha orientadora me ajudou muito a encontrar este foco nos descentramentos de Hall. Além disso, outra dificuldade foi entender o contexto histórico do Irã e como ele se conectava com os movimentos sociais abordados na obra.

Mastigando Letras: Você poderia agora nos contar sobre os resultados encontrados por sua pesquisa?

Entrevistado: Encontrei na personagem traços dos cincos descentramentos propostos por Hall, o suficiente para caracterizá-la com Sujeito Pós-Moderno, e consegui afirmar que sua identidade está em constante construção.

Mastigando Letras: Em que sua pesquisa colaborou ou contribuiu?

Entrevistado: Ao buscar em Persépolis uma obra que se encaixasse nos estudos Pós-Coloniais, encontrei uma personagem única de identidade complexa e personalidade cativante. Foi com o intuito de debater questões de identidade presentes em personagens etnicamente marcadas que esse trabalho foi elaborado e espero que a leitura desse texto motive outros estudantes e pesquisadores a trabalharem em projetos similares.

Mastigando Letras: Dá muito trabalho realizar pesquisa?

Entrevistado: É difícil sim, principalmente por se tratar de um trabalho bem solitário (potencializado pelo advento da pandemia de coronavírus). Mas felizmente minha orientadora me auxiliou bastante a não me perder no processo.

Mastigando Letras: Sua pesquisa foi feita de modo voluntário ou com bolsa?

Entrevistado: Minha pesquisa foi feita de modo voluntário, sem bolsa.

Mastigando Letras: Valeu a pena ter vivenciado esta experiência na realização de uma pesquisa?

Entrevistado: Valeu muito a pena, abriu meus olhos para a área de pesquisa acadêmica.

Mastigando Letras: Que conselhos você daria para alguém que deseja algum dia experimentar fazer uma pesquisa?

Entrevistado: Esta vai ser uma resposta mais pessoal, mas eu diria para a pessoa não ter medo de pedir ajuda, justamente porque eu tive.

Mastigando Letras: Já apresentou sua pesquisa em eventos científicos? Se sim, como foi esta experiência? Se não, quando será sua apresentação?

Entrevistado: Sim, apresentei minha pesquisa no EAIC 2020. Infelizmente o evento foi online, o que tornou a experiência muito estranha, apesar de ter recebido comentários bastante positivos.

Muito obrigado pela entrevista! E parabéns pelo trabalho!!!