Entrevista

The Thing Around Your Marriage: uma análise da mulher negra e imigrante em dois contos de Chimamanda Ngozi Adichie

Foto do acervo pessoal da entrevistada.

Hoje falamos com a pesquisadora Laura Zanetti, aluna da graduação do curso de Letras-Inglês. Ela foi orientada pela professora Érica Fernandes Alves, em sua pesquisa intitulada "The Thing Around Your Marriage: uma análise da mulher negra e imigrante em dois contos de Chimamanda Ngozi Adichie".

22-04-2021

Mastigando Letras: Qual o tema de sua pesquisa? O que foi pesquisado?

Entrevistado: Eu analisei a identidade de duas personagens negras e imigrantes de dois contos da Chimamanda Ngozi Adichie sob um viés do pós-colonialismo e do feminismo negro.


Mastigando Letras: De qual teoria ou de quais autores você se utilizou para realizar sua pesquisa?

Entrevistado: Os teóricos que embasaram minha pesquisa foram Thomas Bonnici, Stuart Hall, Angela Davis, Bell Hooks e a própria Chimamanda.


Mastigando Letras: Você poderia falar um pouco dos métodos e procedimentos que você se utilizou para realizar a sua pesquisa?

Entrevistado: Bom, eu sabia que queria trabalhar com feminismo, então a Érica, que me orientou, indicou a Davis e a Hooks para embasarem essa parte da pesquisa. Depois ela me deu algumas opções de escritoras que se enquadravam na literatura pós colonial e eu acabei escolhendo o livro The Thing Around Your Neck da Chimamanda, que me permitiria trabalhar com mais de uma personagem, por ser um livro de contos. Eu selecionei alguns contos para ler e decidir com qual eu ficaria, os escolhidos foram The Thing Around Your Neck e The Arrangers of Marriage. Após esse processo, comecei a leitura do referencial teórico e por fim, parti para a análise, a qual decidi fazer separada, ou seja, primeiro analisei e discorri sobre o The Thing Around Your Neck e depois sobre o The Arrangers of Marriage.


Mastigando Letras: Que dificuldades você encontrou para realizar sua pesquisa?

Entrevistado: Acho que um dos maiores desafios foi abordar um assunto que eu gostaria que alguém que tivesse mais propriedade para falar pudesse ter a oportunidade que eu tive de falar sobre. Eu espero que mais mulheres negras ingressem no curso de letras e possam ocupar um lugar nos ICs para falarem sobre isso (ou sobre qualquer coisa que quiserem).


Mastigando Letras: Você poderia agora nos contar sobre os resultados encontrados por sua pesquisa?

Entrevistado: Eu pude concluir que a visão de superioridade dos Estados Unidos sobre a Nigéria é entendida como um binarismo do sujeito dominado e do sujeito dominador, por conta da os EUA serem considerados a maior potência econômica mundial, que detém um estilo de vida que todos desejam, fazendo com que quem consegue ir para lá se sinta sortudo por tal oportunidade. Essa visão, esse binarismo, resultam na diáspora sofrida pelas personagens dos contos que analisei. A diáspora trouxe consequências à identidade das personagens quando estas acabaram passando por situações de racismo, machismo e pela dupla colonização por parte de seus parceiros ou familiares. Porém, elas acabaram encontrando formas de resistir a isso que era imposto a elas, fosse fugindo de casa após uma tentativa de abuso sexual ou se apropriando da descolonização cultural ao manter a língua de origem em casa, cada uma dentro de seu contexto e das possibilidades que encontrou no momento.


Mastigando Letras: Em que sua pesquisa colaborou ou contribuiu?

Entrevistado: Acredito que minha pesquisa tenha proporcionado maior visibilidade à personagens mulheres e negras, inseridas num contexto pós colonial, além de ter contribuído ao entendimento das consequências do pós colonialismo para a questão da identidade dessas mulheres.


Mastigando Letras: Dá muito trabalho realizar pesquisa?

Entrevistado: É um pouco trabalhoso sim, é necessário muita leitura, paciência, reflexão e orientação para fazer uma pesquisa, mas é uma das minhas partes preferidas de estar inserida na área acadêmica.


Mastigando Letras: Sua pesquisa foi feita de modo voluntário ou com bolsa?

Entrevistado: Minha pesquisa foi feita de modo voluntário e eu teria feito muitas outras se tivesse tido tempo.


Mastigando Letras: Valeu a pena ter vivenciado esta experiência na realização de uma pesquisa?

Entrevistado: Com certeza, a Érica sabe o quanto fui grata por ela ter aceitado me orientar nesse projeto e ter me proporcionado tanto aprendizado com ele!


Mastigando Letras: Que conselhos você daria para alguém que deseja algum dia experimentar fazer uma pesquisa?

Entrevistado: Eu diria que é necessário paciência, nem sempre vai ser fácil lidar com a pesquisa, nem sempre você vai se sentir motivado a continuar ou até mesmo pode não ver sentido em fazer isso, porém, as pesquisas têm uma importância gigantesca não só para a ciência concreta que estamos acostumados, como a da tecnologia, mas também para uma melhora na nossa vida social. É importante que temas tratados na literatura sejam analisados e debatidos, pois muitas vezes eles retratam o cotidiano das pessoas, como era o caso da minha pesquisa. Então paciência é o segredo, pode estar parecendo impossível em algum momento, mas vai valer a pena!


Mastigando Letras: Já apresentou sua pesquisa em eventos científicos? Se sim, como foi esta experiência? Se não, quando será sua apresentação?

Entrevistado: Minha pesquisa foi apresentada no III SIMVALE. Foi uma experiência bacana, as pessoas que assistiram elogiaram o trabalho, demonstraram interesse e ainda me sugeriram coisas interessantes tanto para incrementar o projeto quanto para novas leituras.


Muito obrigado pela entrevista! E parabéns pelo trabalho!!!